O Jardim Interno Intocado

 

A palavra Anahata, que nomeia o Chakra do Coração em sânscrito, significa invicto, inviolado. Se carregamos mágoas no peito, elas se hospedam no espaço externo desse Chakra, encobrindo-o e impedindo nosso contato com ele, mas não penetram no íntimo dele. No momento em que entramos em contato com o chakra, percebemos que a essência de nosso sentimento nunca foi violada por nada que possa ter contrariado nossas vontades e convicções.

 

O centro do Anahata Chakra é um espaço onde a pureza e a inocência estão intocadas e preservadas. Esse espaço secreto é o Shangri-lá que todos temos no peito, nosso jardim secreto, com flores de uma fragrância especial e divina, de um aroma íntimo, que revela os segredos da inspiração e da felicidade. Ao tocá-lo, evaporam-se quaisquer sentimentos de rancor, vingança ou mesquinhez. O Chakra do Coração traz consigo a possibilidade de entrarmos em contato com um espaço interno que permanece puro e intocado por todas as incompreensões e violentações de nossa biografia. Nesse lugar, nos percebemos plenos, sadios e capazes de lidar com cada situação nova à nossa frente, de maneira harmônica. Muitos dizem que esse chakra possui uma infinita capacidade de regeneração emocional, mas, na verdade, ele permite o contato com algo que nunca chegou a ser maculado e não precisa ser regenerado – a capacidade de amar, que se mostra inteiramente viva dentro de nós. No caminho até o centro do chakra podemos encontrar barreiras, nuances, sinuosidades e até caminhos tortuosos. Se anteriormente fomos estimulados a abafar a manifestação do chakra, as dificuldades se apresentam, mas o caminho até ele existe. E, se fomos nós quem o tampamos por inconsciência, podemos desimpedí-lo com a meditação. De qualquer modo, o centro do chakra permanece intacto e fresco. O tesouro permanece aí, inviolado.

 

O Anahata Chakra promove regularidade à vida, sem que essa regularidade se confunda com monotonia. No centro dele é possível escutar o “anahata-nada”. Nada, na Índia ancestral, significa som. O Anahata-nada é um som contínuo, não corrompido, sem início e sem fim, que podemos escutar desde o princípio até o final dos tempos – se é que existe um final dos tempos. É um som infinito e ao escutá-lo, temos – só por esse ato – uma conexão direta com o infinito, uma afinidade de nossa alma individual com a alma universal e ilimitada.

 

A palavra Anahata também pode ser traduzida por “não tocado”. Este chakra – do coração e do afeto – nos leva a uma sensação de virgindade em relação ao mundo, nos sentimos virgens em cada novo instante que vivemos, limpos e livres para viver o momento de uma maneira totalmente fresca e nova. Quando se chama o conteúdo desse chakra de “não tocado”, evidencia-se que o amor experimentado anteriormente é diferente do amor que brota agora. E será sempre diferente, a cada vez. É como ilustra a parábola de Heráclito: “não se pode pisar duas vezes no mesmo rio”; você pode dar o mesmo nome ao rio que está à sua frente e ao que estava ontem, mas a água que está passando nele é outra. Ele é outro. O amor é sempre inédito, é sempre verde, é sempre algo surgindo do nada dentro de nós. É uma força brotando do zero.

 

Brahman

 

A expressão “não tocado” remete ao imanifestado: Brahman. Brahman é o nome que se dá na Índia à essência divina que não tem forma. Esse chakra permite uma intimidade tal com Brahman – o impalpável – que parece que ele foi apalpado. Ele permite sentir a fragrância do não manifestado, ouvir o som do silêncio maior. Por um lado, percebemos que a sua essência é tão sutil que não pode ser tangida, mas, por outro lado, tão próxima que parece tateável. Aqui podemos vivenciar o que não pode ser tangido pelos dedos, o que as mãos emitem, mas não podem segurar: o amor.

 

O amor, essa substância formadora da própria existência. São Francisco de Assis dizia: “Amor clamam todas as pedras”. O amor quando o experimentamos, percebemos que tudo em volta grita por ele, tudo em volta o almeja, o quer, o deseja ardentemente, anseia por ele, tudo em volta se alimenta dele e se desenvolve a partir dele, da energia dele. A expressão “não tocado” faz referência ao som que se ouve quando se penetra fundo no Anahata Chakra, o som de Brahman, a perfeita melodia do silêncio. É um som não expresso, não é proferido por nós – ele é apenas escutado, apenas percebido. Quando o contatamos o espaço onde ele ecoa, não podemos mais interferir, só podemos usufruir, curtir. 

 

O coração físico cuida do ritmo da circulação. O Chakra do Coração, quando funcionando na plenitude, ordena as funções do coração e organiza os diversos ritmos do corpo. Ele sintoniza o pulsar do coração físico com o emocional, o vital, o mental e o espiritual, proporcionando a harmonização entre os ritmos dos seus diferentes corpos.

 

Nesse estado de integração, ele nos evidencia Brahman – o criador – dentro de nós e dos outros. Ele evidencia a presença do “Não manifestado” dentro de cada objeto existente, seja ele vivo ou inanimado. Ele nos leva a descobrir o amor de Brahman e a perceber o que há de mais digno dentro do que antes podia parecer indigno. O Anahata Chakra muda a concepção de julgamentos que possamos ter dos que estão em volta de nós. Ao meditarmos no “Quarto Chakra” e nos afinarmos com Brahman, um sentimento profundo de afeto nos invade e contatamos com o lugar de onde toda a criação vem. Sentimos uma entusiasmada afeição por tudo que é criado ou incriado e percebemos que a própria essência da criação é o amor. Com isso, nossas palavras se tornam mais inspiradas e com uma música própria. Elas fluem de maneira original e tocam o coração do outro, tornando-o receptivo. Quando as palavras vêm da mente, parecem arrumadas de uma forma lógica, quando fluem do coração, têm uma delicadeza genuína e exalam frescor e poesia.

 

Meditar no Anahata Chakra restaura a inocência e o sentimento de pureza, levando-nos a enxergar cada coisa que vivemos como algo especial e de maneira totalmente original e fresca. Aumentamos a nossa capacidade de compreensão, e nos sentimos invadidos por um sentimento de generosidade e alegria. Encontramos uma incrível capacidade de aceitação e de compaixão e nos vemos vivendo numa atmosfera de receptividade e aceitação. A abertura emocional que acontece em nós, aliada à sintonia e sensação de eixo, nos levam a uma bondade espontânea e a uma constante sensação de auto-estima e felicidade.

 

Por tudo isso, o Anahata Chakra equilibra as diversas intenções e tendências dentro de nós e tem a chave de todos os equilíbrios. Ele é o chakra que, com suas meditações, mais facilmente aproxima o mestre do discípulo. E o ser comum do mestre interior.

Pedro Tornaghi

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Leia também:

 

Chakra do Coração

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Psicologia dos Chakras

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Chakras & Ritmos Respiratórios

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17 comentários em “O Jardim Interno Intocado

  1. Pedro Tornaghi, eu sempre aprendo muito com você.

    Gratidão pelos ensinamentos.

    Namastê!

    Felomenia

  2. …Que beleza!…
    Estas palavras do texto souberam me fazer entender bem sobre os sentidos do coração.
    Anahata Chakra.
    Agora entendí o “porque” não consigo guardar mágoas nem rancor no coração…

  3. Como, Pedro querido, haveria você de saber que eu estava PRECISANDO tanto de ler estas palavras e de ter alguém para me lembrar desse nosso precioso CHAKRA? Bebi as palavras como delicioso vinho …. Vou precisar reler muitas vezes … many thanks!

  4. Pingback: Anônimo
  5. Pedro…Lindíssimo texto que muita me encanta por ser profundo, intenso, divino e maravilho. Já li e reli várias vezes e fico agradecida pela dedicação.
    Paz pra ti _()_

  6. O centro do Anahata Chakra é um espaço onde a pureza e a inocência estão intocadas e preservadas. Esse espaço secreto é o Shangri-lá que todos temos no peito, nosso jardim secreto, com flores de uma fragrância especial e divina, de um aroma íntimo, que revela os segredos da inspiração e da felicidade. Ao tocá-lo, evaporam-se quaisquer sentimentos de rancor, vingança ou mesquinhez. O Chakra do Coração traz consigo a possibilidade de entrarmos em contato com um espaço interno que permanece puro e intocado por todas as incompreensões e violentações de nossa biografia. NÃO SÃO SÓ PALAVRAS EM QUE APENAS LI E SIM ALGO QUE TOCOU FUNDO MINHA ALMA ESTOU PRECISANDO PREENCHER MEU CORAÇÃO DE AMOR E DE ME LIBERTAR DE MAGOAS……GENTE PRECISO SABER COMO ME AJUDAR PRA NÃO DESFALECER DE TRISTEZA OBG.

  7. Percebi que poderia obter muitas respostas num momento de minha vida tipo encruzilhada. Infelizmente não poderia ir tão seguidamente ao Rio. Quando se vier a Porto Alegre gostaria de conhecê-lo e fazer cursos se possível. Agradeço muito.

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